Coordenação: Cidiane Vaz Gonçalves
A avaliação psicológica no Brasil, desde suas primeiras expressões durante a década de 1920 até o presente momento, passou por transformações muito significativas (Jacó-Vilela, Ferreira & Portugal, 2018). Dentre elas, destacamos a própria mudança na conceituação da avaliação psicológica, vista como processo de produção de conhecimento e não apenas como sinônimo de testagem (Res. CFP 09/2018), além da publicação de diretrizes para o ensino (Nunes et al, 2012; CFP, 2018, CFP, 2019), de resoluções, de notas técnicas e livros e revistas especializadas. A essas mudanças somam-se as discussões pela categoria das demandas sociais relativas à avaliação psicológica na interface com os direitos humanos em diferentes âmbitos. Apesar de a avaliação psicológica ter marcado o nascimento da Psicologia no Brasil e no Rio de Janeiro, esse protagonismo não se mantém até o momento atual. No presente momento, apesar dos inegáveis avanços, se constata ainda que a avaliação psicológica enquanto campo de formação e prática enfrenta dificuldades importantes, dentre as quais, as que mais se destacam na literatura envolvem a concepção equivocada da equivalência entre avaliação e testagem (Borsa & Lins, 2017; Borsa, 2016), a precariedade na formação, o desconhecimento das publicações norteadoras das práticas em avaliação psicológica como as Resoluções do CFP (Fonseca, 2011), o desconhecimento sobre o uso de testes (Primi, 2010; Noronha, 2002), as precárias condições de trabalhos em algumas áreas (CFP, 2016) e a desvalorização profissional, mesmo entre psicólogos (Amendola, 2014), além do grande número de processos éticos relativos à prática da avaliação psicológica (Zaia, Oliveira & Nakano, 2018; CRP PR, 2012). Tendo em vista esse cenário, é reiterada a pergunta sobre os motivos que possam ter levado uma área que teve início no Brasil de forma tão fértil e produtiva à um cenário tão espantoso, particularmente no que diz respeito ao Rio de Janeiro que foi berço de tantas iniciativas de formação, pesquisa e assistência no campo da avaliação psicológica. Quais foram os fatores que contribuíram para o atual estado de aceitação, desenvolvimento e desvalorização da avaliação psicológica no Rio de Janeiro? Que fatores favoreceram a criação de um cenário qualitativamente diferente em relação à avaliação psicológica em outros estados da federação como São Paulo e o Rio Grande do Sul?